quinta-feira, 31 de março de 2011

A HISTÓRIA DE DOM BARTÔ.

História contada pelo Sr. Carlos Zaccarelli, cliente do Mundo dos Bichos. Muito interessante o texto. Vale a pena ler. Obrigado pela Contribuição, Sr. Zacarelli. Estamos inaugurando nosso blog com a sua história.
Andava meio cabisbaixo, divagando entre o horizonte acinzentado e minhas longas unhas sujas...logo eu, um barão da ruas, o Don Bartolomeu da área norte, um bon vivant, acostumado à sardinha norueguesa e ao melhor atum da cidade, fazendo amigos de todas as espécies da comunidade - aquele que todas as menininhas olhavam e diziam “uau..que gato!”: focinho cor de rosa, pelagem cor de mel, olhos misteriosamente negros e azuis...enfim, um sucesso....pois é....para acabar assim, me enrolando na perna de qualquer ser humano, digladiando por um pires de dignidade, ou um cafuné nos pelos das orelhas....
E eu bem que me virava....um leitinho aqui, um pãozinho acolá, um colinho de estranho que passava inadvertidamente, e até outros ‘jeitinhos’ que minha educação felina, todavia caçadora, não me permite compartilhar. Pois é, mas vocês sabem bem como é essa...bem, gente.... um dia é bilu-bilu-eu-te-amo-meu-gatinho, já no outro, nem lembram do seu focinho. Logo me vi ronronando solitariamente à noite, apavorado com a ameaça de sorrateiros gatunos locais. Eu me protegia, e ai meu Deus, rezava para São Francisco sempre que podia...
Mas então... sem que eu esperasse, ela veio. ELA: 39 quilos de pura caninidade marota. Uma elegância no andar como eu nunca havia presenciado. Olhos de jabuticaba, pelos de caramelo, uma loirona de pernas alongadas como nunca ousei sonhar: e ainda atendia pelo singelo nome da minha bebida preferida dos tempos da boemia: Pinga.
Mas Pinga era uma moça de família, séria, bem educada, cheirando a perfume de pet shop, e...pior: com irmão mais velho. Baixinho... mas ciumento. Ou seja, não era pro meu bico, digo, focinho... e logo vi que tinha de me adaptar: tratei de tomar um bom banho, tomei um solzinho para espantar os maus agouros, fiz até exame médico, lixei as unhas longas e sujas, e fiz o que todo felino faz quando está apaixonado: apresentei-me à sua família, miando caprichado em si bemol e ronronando em muitos decibéis para ganhar respeito dos sem-pelugem. Fiz até aquele lance do olhar ‘gato do Shrek’, manja? Aquilo lá é infalível... não tem humano que resista.

Dom Bartô tirando uma soneca com "Pinga".

E foi, assim, de cara, então, que ganhei um lugar no cafofo da familia: Não podia estar mais feliz - Eu e Pinga passamos as noites enroscando os focinhos, românticos, brincando de bolinha e pega-pega, e ela me morde e eu a arranho, e dormimos no cobertor da sala de estar como dois reis, para depois acordarmos e nos divertimos mais...com o baixinho do irmão dela sempre de olho, na espreita, mas fazer o quê... tudo no maior respeito, mano.
Os humanos que ela tem, agora me dão comida, bebida, carinho, teto e vira e mexe eu faço aquele charme felino pra não perder o meu reinado: É assim mesmo... eles acham que eu gosto é deles – tsc tsc....esses humanos são uns tontos mesmo.